sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O Trânsito de Recife na Visão dos Taxistas

Taxistas penam com o trânsito parado do Recife - JCTransito // MOBILIDADE

Publicado em 01.11.2012, às 14h51 - Portal NE10



Eládio Orlando é taxista há nove anos
Foto: Angélica Souza/JC Trânsito

Patrícia Bonfim
Do JC Trânsito O Recife possui uma frota de 6.125 táxis a serviço da população - quase um carro para cada 255 moradores. A proporção está de acordo com a lei municipal 12.914, de 1997, que determina ser necessário um veículo para cada 300 pessoas. No entanto a sensação é de que a quantidade de táxis não é suficiente para atender os habitantes da capital.

Por outro lado, para os que utilizam o táxi como forma de trabalho e tiram o sustento dele, a profissão está cada vez mais difícil. É preciso ter trânsito livre na cidade para oferecer um serviço rápido e eficaz à população. Se o trânsito está fluindo, o taxista leva menos tempo para chegar ao destino e logo pode buscar outro passageiro. Ele roda mais e ganha mais. Entretanto, para os que trabalham no Recife, isso nem sempre é possível. O taxista precisa se acostumar com o trânsito lento e com a dificuldade de atender o cliente com rapidez.

A falta de manutenção das ruas é um dos principais motivos da retenção do trânsito nas vias mais movimentadas da cidade, aponta Eládio Orlando, 35 anos, taxista há nove. "As galerias, canaletas e pavimentação precisam ser recuperadas em diversos locais", afirma o taxista. A Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) informa que, dentro do plano de manutenção, as placas danificadas são trocadas constantemente e, nos cruzamentos, são colocados concretos de melhor qualidade.

Já para o taxista José Inácio da Silva, 53 anos, o que mais atrapalha a circulação de carros e a fluidez do trânsito é a falta de sincronia dos semáforos. "Perco tempo, perco combustível, tenho que ter muita paciência e esperar a compreensão dos passageiros", disse o taxista, que trabalha há 14 anos no Centro do Recife. Ainda segundo ele, outro grande desafio é o trânsito nas horas de pico. "A gente não consegue ver solução a curto prazo, as alterações no trânsito parecem que pioram os engarrafamentos", afirma José Inácio.

De acordo com a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), há cerca de 85 câmeras ligadas 24 horas por dia monitorando os 650 semáforos espalhados pelas ruas do Recife. A sincronia é feita através de cálculos matemáticos obtidos em função do volume de veículos, da distância entre os sinais e da velocidade estabelecida para a via. A CTTU informa ser impossível sincronizar todos os sinais porque é preciso levar em conta o movimento em cada cruzamento, de carros e de pedestres.

Ainda para a Companhia, os engarrafamentos não são culpa dos sinais. A CTTU argumenta que, muitas vezes, acontecem alguns eventos na frente de um cruzamento, como um carro quebrado ou um acidente e, mesmo que o problema seja resolvido rapidamente, o congestionamento já se formou e perdura por algum tempo para o trânsito voltar a fluir.

Com ou sem culpado, quem paga o preço maior é o motorista, preso nos congestionamentos em horário de pico e acaba precisando realizar jornadas de até 12 horas para obter sua renda diária. "A gente faz os nossos horários, somos trabalhadores autônomos, mesmo em cooperativas. Alguns preferem trabalhar de manhã cedo, outros preferem evitar horários de pico. Por volta das 18h, a procura é grande, mas o trânsito também é e os carros acabam ficando presos no engarrafamento. É exaustivo", explica Eládio.

Confira o depoimento do taxista Eládio Orlando


A falta de segurança nas ruas do Recife também é um dos pontos negativos da profissão apontados pelo taxista Eládio. "A gente não sabe quem está entrando no carro da gente e, à noite, tem menos segurança. Até tem blitz, mas eles geralmente estão mais preocupados em pedir a documentação da gente do que verificar se estamos transportando bandidos. A nossa experiência do dia a dia, os locais onde pegamos os passageiros e as roupas que eles estão vestindo é o que nos ajuda a tentar prever quem é de bem ou não."
Para ele, o taxista deveria ser mais valorizado pela população e pelos órgãos públicos: “O taxista é um cidadão como outro qualquer, mas exerce sua cidadania de forma mais eficaz. A gente denuncia buracos na rua, já apartamos briga e tiveram até alguns que realizaram partos dentro do carro. São coisas que não são da nossa atribuição e, mesmo assim, não somos valorizados no nosso ofício”.

INTERATIVIDADE - Visando contribuir para a mobilidade dos pernambucanos, o JC Trânsito, em parceria com a Rádio JC/CBN, funciona atualizando a população sobre o trânsito no Recife e na Região Metropolitana com informações dos próprios usuários do Twitter e/ou Facebook.

O taxista Eládio Orlando é ouvinte da Rádio JC/CBN e usuário assíduo do JC Trânsito. Quando está parado, envia informações sobre o trânsito e aproveita para conferir como está a movimentação nas principais vias do Recife. “O JC Trânsito é um instrumento fantástico, é um verdadeiro trabalho de utilidade pública. Eu percebo congestionamentos antes de chegar à avenida de uma maneira simples e sem burocracia. Até alguns colegas meus que não têm smartphones me ligam para repassar informações sobre o trânsito para eu postar no Twitter”, conta. Para ele, o instrumento não é valorizado e bem aproveitado pelos órgãos oficiais. “Eu lamento que os órgãos e gestores públicos não utilizem o serviço para o fim público. Poderia se alcançar ainda mais pessoas e viabilizar o trânsito da gente que está tão caótico”, conclui Eládio.
Já o taxista José Inácio não possui muita intimidade com smartphones e redes sociais, mas conhece o serviço e acha uma ótima ideia. “Eu não costumo mexer com essas tecnologias, prefiro me informar através da Rádio JC/CBN, mas eu conheço o JC Trânsito, alguns colegas da minha praça usam. É bom porque mantém os motoristas informados, principalmente para ajudar os taxistas a usar uma rota alternativa e evitarem o engarrafamento”, afirma o profissional que sempre acompanha as notícias pela CBN.